Preservação Digital

A Preservação Digital é um tópico da unidade curricular de Preservação e Segurança da Informação e abrange todos os conteúdos programáticos dessa unidade. 

Como o nome indica, o objeto de estudo está delimitado pela informação digital e a sua preservação.  Tal implica uma distinção entre o objecto digital e o objeto analógico e contraste das suas características. Assim, a informação electrónica revela uma ausência de ligação entre conteúdo e suporte; trata-se, maioritariamente, de documento digital, isto é, codificados binariamente; estão dependentes de sistema intermediário (conjunto de software e hardware) para descodificação e interpretação; é dotada de complexidade, na medida em que cada objeto digital integra diversas componentes, que podem estar em suportes diferentes e/ou em armazenamento distribuído; e a sua informação não é linear, na medida é que não pode ser totalmente transposta para um suporte analógico. Isto implica que o conceito de formato passou a ser entendido, no âmbito do armazenamento e recuperação de informação, como a disposição que apresentam os dados num suporte de armazenagem, entrada ou saída e o código ou conjunto de instruções que a orientam, podendo distinguir, por exemplo, documentos textuais, tabulares, imagem, áudio, de imagem em movimento, etc. Se inicialmente tais documentos se distinguiam pelas extensões dos ficheiros, verifica-se a utilização de diversos formatos (texto, imagem, tabelas) num mesmo ficheiro.  Mais recentes são os registos na forma de bases de dados, conteúdos que representam um novo paradigma relativamente à produção, ingestão, organização, armazenamento, disseminação, análise, avaliação e utilização de informação.

Face aos problemas  de ausência da perceção social/organizacional de posse ou, pelo contrário, excessivo sentido de individualização; de perda de informação operacional e de informação-memória e perda de valor evidencial; de dificuldades de gestão a nível de armazenamento, identificação, recuperação, localização e controlo; da  rápida obsolescência tecnológica; da instabilidade dos materiais, condições ambientais de armazenamento, os efeitos de manuseamento e utilização, desastres naturais, falhas de infraestrutura, manutenção inadequada;  avanços tecnológicos que obrigam à rápida substituição de hardware, e que advém da competição entre fabricantes, da diminuição do tamanho e do custo das unidades de armazenamento, do aumento da capacidade de armazenamento, e das tendências em termos de fragilidade, estabilidade, segurança e duração antes da obsolescência.

Verifica-se a necessidade de um plano de gestão sistematizado, com processos específicos, e que inclua a definição de políticas, gestão de recursos, estratégias de aplicação de métodos e actividades definidas, com o  objectivo de manter a autenticidade, usabilidade, e garantir acessibilidade fidedigna e continuidade da informação e/ou património digital, independentemente da evolução tecnológica, falhas de suporte, corrupção de ficheiros, tendo em conta os objectivos das partes interessadas e as implicações administrativas, legais, políticas e económico-financeiras. Tal requer que as partes interessadas, os diversos atores, desde o emissor até ao receptor, adquiram consciência de como o seu envolvimento, por muito particular que seja, com os objectos digitais se ramifica ao longo do seu ciclo de vida, devendo esse envolvimento implicar um compromisso de investimento continuado que aumente as perspectivas da preservação e a redução dos seus custos.

  • Luis Miguel Nunes Corujo

    Assistente Convidado

  • Curso

    Mestrado (2.º ciclo)

  • Área

    Literaturas, Artes e Culturas

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